06 julho 2008

Relato de Caso de uma Interação Medicamentosa entre Fenitoína e Omeprazol na Pediatria de um Hospital Universitário


GILBERTO BARCELOS SOUZA(1), JOÃO LUIZ DE AZEVEDO(1), ALEXANDRE FIUZA JULIANO(1), VALMIR NELSON MOREIRA(1), KARLA MANHÃES PESSANHA(2), JÚLIO FERNANDO CASCARDI DE BARROS(2), IVO FERNANDES DE ARAÚJO(2), LILIA RIBEIRO GUERRA(3), JOANA MARCHITO DE JESUS(4), ALINE RODRIGUES DOS SANTOS(4), MANUELA DE FIGUEIREDO PINTO PEDROZA CALDAS(4), ROBSON RANGEL(5), FLÁVIA MATOS(6)

(1) Serviço de Farmácia. Hospital Universitário Antonio Pedro. Universidade Federal Fluminense. Niterói. RJ (2) Departamento de Farmácia e Administração Farmacêutica. Faculdade de Farmácia. Universidade Federal Fluminense. Niterói. RJ (3) Gerência de Risco Sanitário. Projeto Hospitais Sentinela ANVISA. Hospital Universitário Antonio Pedro. Universidade Federal Fluminense. Niterói. RJ (4) Faculdade de Farmácia. Universidade Plínio Leite. Niterói. RJ (5) Serviço de Farmácia. Hospital Barra D’Or. Rio de Janeiro. RJ (6) Departamento de Pediatria. Faculdade de Medicina. Universidade Federal Fluminense. Niterói. RJ

Introdução: A absorção de algumas drogas pode ser alterada devido à diminuição da acidez intragástrica, como o omeprazol é metabolizado pelo fígado através do citocromo P450 2C19 (CYP2C19) pode prolongar a eliminação da fenitoína. Uma interação medicamentosa é qualquer alteração da resposta previsível à ação de um fármaco, e que seja conseqüência da ação concorrente no organismo de outra substância química não produzida pelo organismo. A importância clínica das interações medicamentosas dentro da realidade terapêutica tem sido discutida. Existe uma série de fatores que limitam a observação de uma interação a nível clínico. A maior parte das interações são muito difíceis de observar, e passam despercebidas ou confundidas como um efeito secundário de alguns dos medicamentos utilizados ou como um sintoma a mais das enfermidades tratadas no paciente. A fenitoína está indicada no controle da epilepsia; assim como na prevenção e tratamento de episódios convulsivos; omeprazol é inibidor da isoenzima CYP2C19, aumentando ou podendo aumentar os níveis de fenitoína. Os níveis séricos da fenitoína acima dos recomendados podem produzir estados convulsionais como delírios, psicoses ou encefalopatias. Outros sinais de intoxicação: tremores, hiperreflexia, letargia, fala arrastada, náuseas, vômitos, alterações hepáticas, erupções morbiliformes, aumento do volume do lábio, hiperplasia gengival, nistagmo, ataxia, disartria, o paciente torna-se comatoso com pupilas não responsivas e ocorre hipotensão; a morte é devido à depressão respiratória e apnéia. Ao primeiro sinal de toxicidade, os níveis plasmáticos da fenitoína devem ser medidos e a dose deve ser reduzida caso os mesmos estejam elevados. A dose usual da fenitoína em pediatria é de 10 a 15 mg/kg/dia. A posologia da fenitoína deve ser individualizada, sendo que os níveis plasmáticos clinicamente eficazes são atingidos com 10 a 20 mcg/mL; com a posologia recomendada, é necessário um prazo de 7 a 10 dias para atingir níveis sanguíneos estáveis; não se recomenda fazer alterações de posologia a intervalos de tempos inferiores a 10 dias. Realizar a determinação dos níveis séricos da fenitoína, com retirada de sangue antes da dose da manhã, aproximadamente 12 horas após a dose da noite. Outros fármacos metabolizados pelo sistema de citocromo P450 que podem ser afetados pelo omeprazol são: alprazolam, astemizol, carbamazepina, cisaprida, ciclosporina, diazepam, diltiazem, eritromicina, felodipina, lidocaina, lovastatina, midazolam, nifedipina, quinidina, simvastatina, terfenadina, triazolam, e verapamil. Não existem dados clínicos que confirme uma potencial interação com os fármacos anteriores, entretanto, esta é possível teoricamente.

Material e Métodos: Foi realizada, em maio de 2005, busca manual de todos os prontuários dos pacientes internados na pediatria. A interação da fenitoína com omeprazol, listada pelo Drug Interaction Facts™, é bem documentada, possível e com grau de severidade moderada. O objetivo do trabalho foi descrever o relato, em maio de 2005, de um caso de interação medicamentosa entre FENITOÍNA e OMEPRAZOL, em uma paciente de 10 anos, sexo feminino, fazendo uso dos seguintes medicamentos: fenitoína, omeprazol, albumina humana, midazolam, fentanil, vancomicina, piperacilina + tazobactama, dipirona, sulfato de magnésio, glicose, cloreto de potássio, cloreto de sódio; com uso de até 12 (doze) medicamentos por dia.

Resultados: O elevado número de medicamentos que recebem a maioria dos pacientes durante sua internação, é um fator que contribui para o estabelecimento de projetos para a detecção de interações medicamentosas. Em alguns pacientes sob tratamento contínuo com fenitoína, o tratamento com omeprazol 20 mg por dia, não alterou a concentração sanguínea da fenitoína, e observar o paciente para sinais de toxicidade da fenitoína ou a redução da ação terapêutica da fenitoína se o omeprazol for adicionado ou descontinuado. O nível plasmático da fenitoína foi monitorado e realizada uma correção na dose.

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