06 julho 2008

Risco de Interações Medicamentosas na Clínica Médica de um Hospital Universitário. Combinações de Uso de Digitálicos e Outros Medicamentos


GILBERTO BARCELOS SOUZA, JOÃO LUIZ DE AZEVEDO, KARLA MANHÃES PESSANHA, JÚLIO FERNANDO CASCARDI DE BARROS, LILIA RIBEIRO GUERRA, JOANA MARCHITO DE JESUS, ALINE RODRIGUES DOS SANTOS, MANUELA DE FIGUEIREDO PINTO PEDROZA CALDAS, ROBSON RANGEL


Serviço de Farmácia. Hospital Universitário Antonio Pedro. Universidade Federal Fluminense. Niterói. RJ

Introdução: A consulta de interações medicamentosas é uma tarefa que pode consumir um tempo considerável do profissional farmacêutico no seu trabalho diário dentro da farmácia hospitalar. A associação com fins terapêuticos é um princípio tão antigo como a farmácia, e tem sido a base da farmacoterapia durante mais de dois mil anos. A mais frequente combinação descrita foi a de digoxina com diversos diuréticos que, são drogas utilizadas no tratamento da insuficiência cardíaca. Os diuréticos aumentam a possibilidade de intoxicação digitálica através de distúrbios eletrolíticos como hipocalemia, hipomagnesia. A hipocalemia induzida pela furosemida aumenta a sensibilidade ao digitálico, predispondo a intoxicação digitálica e a toxicidade da digoxina pode precipitar arritmias.

Material e Métodos: O objetivo do trabalho foi verificar a interação medicamentosa entre a digoxina com os seguintes medicamentos: furosemida, espironolactona, captopril, e hidroclorotiazida em um hospital universitário. Prescrições de todos os pacientes internados na clínica médica, cardiologia, gastroenterologia, pneumologia, dermatologia, neurologia e hematologia de um hospital universitário, no período de agosto a dezembro de 2004 foram revisadas. Foi realizada busca manual de todos os prontuários dos pacientes internados nas respectivas enfermarias citadas acima. Foram identificados os pacientes que utilizaram a combinação digoxina versus furosemida, espironolactona, captopril, e/ou hidroclorotiazida.

Resultados: Dos 852 pacientes pesquisados, durante o período do estudo, 100% dos internados na cardiologia, apresentavam riscos de interação medicamentosa digitálica; 100% dos pacientes do estudo e que fizeram uso da associação digoxina-furosemida, apresentavam riscos de outras interações medicamentosas digitálicas relacionadas: telmisartan, quinidina, omeprazol, claritromicina, amiodarona, rifampicina, metoclopramida; 852 ou 100% dos pacientes pesquisados e internados não receberam suplementos de potássio; 27 ou uma taxa de 3,17% de pacientes com possíveis relatos de interações medicamentosas para interação DIGOXINA versus FUROSEMIDA; 29 ou uma taxa de 3,4% de pacientes com possibilidade de interações medicamentosas para DIGOXINA versus ESPIRONOLACTONA; 20 ou uma taxa de 2,34% de pacientes com relatos de interações medicamentosas para DIGOXINA versus CAPTOPRIL; 6 ou uma taxa de 0,7% de pacientes com possíveis interações medicamentosas para DIGOXINA versus HIDROCOLOROTIAZIDA.

Conclusão: O elevado número de medicamentos que recebem a maioria dos pacientes durante sua internação, é um fator que contribui para a necessidade de se estabelecer projetos informatizados para a detecção de interações medicamentosas, para a implantação de projetos de atenção farmacêutica em pacientes hospitalizados, e contribuir para o desenvolvimento de projetos em farmácia clínica e em farmacovigilância.

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