16 julho 2020

Propostas para a implantação de uma Farmácia Satélite no Bloco Cirúrgico de um Hospital Universitário, com enfoque na gestão por processos

Abaixo estão indicados alguns hospitais que adotaram a implantação da Farmácia Satélite e obtiveram os seguintes resultados (melhorias)

• Instituto de Neurologia de Curitiba: dispõe de uma Farmácia Satélite, com um funcionamento de 24 horas, com um atendimento exclusivo para pacientes que estão passando por um procedimento cirúrgico. A Farmácia Satélite está localizada na parte mais importante do centro cirúrgico desse instituto e com isso proporciona aos pacientes uma rápida dispensação dos medicamentos e materiais e oferece uma fácil disponibilidade a tudo que for necessário para algum procedimento, como benefício também, proporciona uma maior segurança, que é obtida através dos códigos de barras, onde permite rastrear todos os medicamentos e materiais utilizados nos procedimentos cirúrgicos e pós-cirúrgicos. Assim, garantindo um controle e uma racionalização de seus produtos utilizados no centro cirúrgico. 

• Hospital Walfredo Gurgel: apresenta sete unidades de Farmácia Satélite distribuídas em diversos setores do hospital, com um atendimento de 24 horas, e supervisionadas por farmacêuticos, assim, realiza uma racionalização e maior controle dos medicamentos e materiais utilizados. Com a implantação da farmácia, o hospital obteve uma descentralização do serviço, onde proporcionou uma rapidez no sistema de distribuição dos medicamentos, e permitindo uma interação maior entre as farmácias (central e satélite), os setores do hospital e entre o corpo clínico (NATALPRESS, 2011).


• Hospital-Dia do Instituto de Pesquisa Clínica da Fiocruz (IPEC/FIOCRUZ): com a implantação da Farmácia Satélite no hospital-dia houve uma descentralização do serviço, pois antigamente o serviço era totalmente subordinado a farmácia central, com isso possibilitou uma resposta mais rápida ao paciente e houve uma redução dos custos, tanto no 11 medicamento quanto no material. Portanto, o hospital obteve uma maior integração dos membros da equipe e também com os pacientes e familiares, uma vez que a farmácia possibilita um atendimento mais individualizado e também obteve um uso racional dos medicamentos. 

• Hospital São João de Deus, fundação Geraldo Corrêa: dispõe de quatro unidades de farmácia satélite, atendendo em tempo real as prescrições dos médicos e realizando um controle rigoroso do estoque neste local, também contam com uma equipe treinada, atendendo 24 horas e são supervisionadas por um farmacêutico do hospital. Com isso, o hospital obteve uma maior racionalização e controle do estoque dos medicamentos, a dispensação dos mesmos é realizada de forma correta, assim evitando desperdício, a distribuição dos medicamentos esta sendo de forma racionalizada, assim, as Farmácias Satélites possibilitam a redução dos custos na aquisição dos medicamentos na instituição. Portanto, com a implantação da Farmácia Satélite nesse hospital, alcançou-se uma adequação no sistema de distribuição, assim conseguindo atender a quantidade dos pacientes, que aumentam diariamente.

Uma grande problemática observada de forma geral é em relação ao controle sobre os medicamentos controlados (entorpecentes, psicotrópicos, entre outros) utilizados. Esses medicamentos controlados armazenados no Apoio Anestésico são obtidos a partir de prescrição, via eletrônica, realizada pelos médicos anestesistas. A prescrição eletrônica chega aos computadores da Farmácia Central, onde são impressas e após isto, são separados os medicamentos solicitados. Após isso, é dada a saída desses medicamentos no sistema eletrônico, através dos códigos de barra dos mesmos. Para a realização da cirurgia de um determinado paciente, os médicos anestesistas não realizam, antes da cirurgia, a prescrição dos medicamentos controlados que serão utilizados, mas sim utilizam os medicamentos 32 que estão estocados no Apoio Anestésico. 

A prescrição dos medicamentos controlados utilizados na cirurgia desse paciente ocorre após a realização da cirurgia, com a finalidade de repor na farmácia os medicamentos anteriormente retirados, os quais foram prescritos para um outro paciente. Dessa forma conclui-se que os medicamentos prescritos para um paciente não são efetivamente nele utilizados. Como conseqüência disso o centro de custos dos pacientes do Bloco Cirúrgico fica incorreto e isso prejudica a gestão de custos dessa área, pois a apuração de custos individual dos pacientes fica distorcida com a realidade. 

Outros pontos desfavoráveis decorrentes disso são a falta de rastreabilidade, além da falta dos medicamentos controlados no estoque do Apoio Anestésico que ocorre quando os médicos não fazem a prescrição após as cirurgias, seja por esquecimento ou propositalmente. Outras problemáticas também são encontradas, tais como: a ausência de rastreabilidade também para os medicamentos de reposição (medicamentos não controlados), pois não é dada saída desses medicamentos em nome do paciente. Pelo contrário, esses medicamentos ficam à disposição dos profissionais médicos sem nenhuma racionalização e controle efetivo do uso desses medicamentos. 

Outra questão importante é a ausência de farmacêuticos no Bloco Cirúrgico para lidar com os medicamentos e o fato de que o Bloco Cirúrgico funciona vinte e quatro horas, porém nenhuma funcionária do Apoio Anestésico fica nos finais de semana, e com isso quem entra para pegar os medicamentos são os circulantes (auxiliar de enfermagem), os próprios anestesistas, residentes, levando à falta dos mesmos ou a perda de controle. 

Referência:
RENATA PATRÍCIA CARBONERA, R.P.  Propostas para a implantação de uma Farmácia Satélite no Bloco Cirúrgico de um Hospital Universitário, com enfoque na gestão por processos.